sábado, 23 de abril de 2011

Afogo-me

A luz dos candeeiros da rua trespassa a janela, e eu abrigo-me nesse feixe de luz. Idealizo a suavidade dos teus lábios, imagino o calor do teu rosto e a vida dos teus olhos. Idealizo, porque só isso posso…passaram dias dizem-me – a mim parecem anos – desde que o meu mundo parou por segundos, ao cruzar-me no teu olhar.
Muitos perdem-se na esbelta figura que portas. Eu não. Eu, perco-me nos teus olhos – o espelho da tua alma – uma troca de olhares contigo poderia durar uma eternidade, mas não dura.
Mas não, uma expressão que, aliás, se torna recorrente. Queria sentir o calor do teu corpo, mas não sinto. Queria provar a suavidade dos teus lábios, mas não provo. Queria abraçar-te e dizer-te ao ouvido com uma voz ternurenta um verdadeiro e sentido amo-te, mas não o faço. Pois tu não vês, ou não sentes os sinais. Não sentes os olhares, os abraços, as carícias, as palavras numa sedutora meia-voz.
Ontem tive um sonho. Eu afogava-me e tu olhavas impávida e serena. Acho que nem te apercebeste que me estava a afogar. Contudo, gritava. E tu, nada. Gritava e tu, nada.
Muitas pessoas acreditam que o que vemos nos sonhos são representações do nosso futuro ou presente. Estão certas. Pois o sonho representava o meu presente. Eu afogo-me no mar de ti e tu permaneces sem reparar em mim, nos braços de outro. Fodasse…




Filipe Fernandes

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