terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Igual


A lua põe fim ao novo dia
E eu movo-me nas luzes da noite
Caminho no tempo, do fim para o início
Tento a minha sorte com a nostalgia
A pés largos para o eterno oito

E esse destino que se empoleira em mim
É mais um sinal que a mudança do tempo
Me deixa igual, assim
Como sempre fui, como sempre serei,
Rei…

Rei do império da solidão,
Onde sou imperador e escravo
Na negra penumbra que me dá a mão
Onde a minha cara lavo
Para permanecer sujo

Enquanto o relógio cinzento bate
A mentira faz xeque-mate
E é assim que me encontro, igual a mim próprio
Tirem-me a realidade, o pesadelo é o meu ópio

                                                                                          Filipe Fernandes

Saudade

A noite gélida traz-me de volta a este lugar
Onde não me sei encontrar
Entre sorrisos antigos e olhares indiferentes
Afogo-me num mar de gestos displicentes

Já não te vejo em mim como via outrora
Nas juras do tempo infinito, passou da nossa hora
Também já não me vejo em mim,
Não sei quem sou
A destruição é o meu único dom

Perdido assim,
Sem nós…
Fica só a minha voz
Não é que te queira a ti,
Mas tenho saudades de mim

Filipe Fernandes