quinta-feira, 16 de junho de 2011

Louco

Mais uma vez iludi-me,
A pensar que não sentia
Enganei-me,
Querendo o que não queria

E aqui estou novamente,
Sozinho, com a minha mente
Pinto o quadro da solidão
Em tons escuros e carvão
Encerro os olhos no céu cinzento
Deixo-me consumir, pela loucura permanente

Encontro o único sentido em ti,
Mas prefiro loucura, que viver assim
Chama-me louco,
Pois amo mas já não me perco
Chama-me louco,
Pois o amor já não me inunda o intelecto

Engano-me, por certo
Mas distraio-me com a verdade
Ignoro, é certo
A minha vontade
Escondo-me, de facto
Na ilusão, e na sua simplicidade



Filipe Fernandes

sábado, 23 de abril de 2011

Vida

Uma brisa fresca paira na rua como uma nuvem suave, o sol ilumina-lhe o cabelo preto e longo e o rosto transparente que demonstra o seu nervosismo. Camisa engomada, gravata e o melhor fato que o dinheiro pode comprar. Mas nada disso lhe importa naquele momento. Tudo o que lhe importa é a mulher do outro lado da rua. Ela ilumina a inteira rua com o seu olhar verde e penetrante e o seu cabelo negro. Ténis, calções de ganga curtos e rotos, t-shirt velha. Os seus traços sedosos assemelham-se ao ser mais perfeito, o ideal de beleza. Fuma um cigarro tentando dar um ar de tranquilidade quando na realidade nunca se sentiu tão nervosa.
É hora de ponta e apesar da quantidade de carros e de pessoas que rasgam desenfreadamente pela rua, o mundo de ambos está praticamente parado. Tudo se move lentamente. E, o silencio é violado unicamente pelo palpitar frenético dos seus corações.
Olham-se, mas permanecem quietos, como que petrificados.
Ele pensa em mexer-se mas o nervosismo que lhe invade a alma não-lho permite.
Ela ao ver que ele permanece quieto é invadida por dúvidas: “- Ele não deve sentir o mesmo que eu!” ; “Ele não deve querer falar comigo, nem se está a mexer!”
Finalmente, ele ganha coragem e decide: “Vou ter com ela, mesmo que ela não sinta o mesmo, ela é linda e o seu olhar parece chamar-me!”
Antes de ele se mexer passa um autocarro e ele pensa: “ Assim que o autocarro passar vou ter com ela! Nada me vai impedir de estar com ela! ”
São os segundos mais longos da sua vida. Tudo parece estático. O seu coração bate tão depressa que aparenta que lhe vai sair do peito. O autocarro passa e ela já não está lá…pensou que ele não sentira aquele momento em que ambos pararam no tempo e se apaixonaram e foi-se embora.Ele sente que acabara de descobrir a sua razão de viver numa desconhecida do outro lado da estrada e que os seus medos o traíram. Uma palavra surge dos seus lábios como um grito de desespero: “-Fodasse!”



Filipe Fernandes 

Cinzento


A vida á minha volta floresce
Mas eu permaneço imóvel
Num cinzento que estremece

A ilusão quebrou-se perante os meus olhos
Fiquei parado, aprisionado pelos escolhos
Na bruma da tempestade
Lutei sozinho a luta do amor
A bonança nunca chegou
Abraço-me no dissabor

A penumbra deu lugar a luz
Que iluminou a realidade
Nós, nunca passou da minha vontade

Desfeito, na verdade
Contento-me com um sorriso ou um olhar
Em efeito, desmotivado
Nunca chegam a brilhar

Na minha alma fria
Só peço, algo para apagar este dia
Devolvam-me o calor
Perplexo, penso como seria…


Filipe Fernandes

Não Sobrevivo

O teu nome persegue-me,
Por estas ruas onde caminho só
Assombra-me, sem piedade nem dó

Vejo o teu olhar
Nestes becos escuros que percorro
Prendo-me na tua imagem
Onde é abafado qualquer grito de socorro

Por onde quer que me vire estás tu
Espalhando o terror na minha mente
Fica a recordação dum momento transcendente
Que me mantem preso a ti,felizmente

Nunca pensei abraçar tanto a dor
Mas ela faz-me sentir vivo
Tento enterrar o teu amor
Não consigo, não sobrevivo


                                                                                               Filipe Fernandes

Afogo-me

A luz dos candeeiros da rua trespassa a janela, e eu abrigo-me nesse feixe de luz. Idealizo a suavidade dos teus lábios, imagino o calor do teu rosto e a vida dos teus olhos. Idealizo, porque só isso posso…passaram dias dizem-me – a mim parecem anos – desde que o meu mundo parou por segundos, ao cruzar-me no teu olhar.
Muitos perdem-se na esbelta figura que portas. Eu não. Eu, perco-me nos teus olhos – o espelho da tua alma – uma troca de olhares contigo poderia durar uma eternidade, mas não dura.
Mas não, uma expressão que, aliás, se torna recorrente. Queria sentir o calor do teu corpo, mas não sinto. Queria provar a suavidade dos teus lábios, mas não provo. Queria abraçar-te e dizer-te ao ouvido com uma voz ternurenta um verdadeiro e sentido amo-te, mas não o faço. Pois tu não vês, ou não sentes os sinais. Não sentes os olhares, os abraços, as carícias, as palavras numa sedutora meia-voz.
Ontem tive um sonho. Eu afogava-me e tu olhavas impávida e serena. Acho que nem te apercebeste que me estava a afogar. Contudo, gritava. E tu, nada. Gritava e tu, nada.
Muitas pessoas acreditam que o que vemos nos sonhos são representações do nosso futuro ou presente. Estão certas. Pois o sonho representava o meu presente. Eu afogo-me no mar de ti e tu permaneces sem reparar em mim, nos braços de outro. Fodasse…




Filipe Fernandes

Inútil Fim

A lua brilha mas a luz não chega
Perco-me no teu rosto, único que me aconchega
O mundo á minha volta rui
Desvaneço em memórias do que outrora fui

Mal te vejo e não te sinto
E, quando te vejo, só te minto
Sempre estiveste perto e distante
Nos teus olhos encontrara a única atenuante

Mas eles não olham para mim
A cada passo mais perto
Do inútil fim

Minha alma grita
Mas não há ninguém por perto
Perdi tudo…
Mesmo o abraço que outrora fora certo

Filipe Fernandes

Humilde Perdição

Acordo e olho-te, no esplendor mais belo
Na emoção do momento mais singelo
És tu, mas não sou eu
O sentimento? Não sobreviveu
Quebrou…
Na fúria da tempestade que nos separou

Eu vejo-te ao longe
Deslumbrante,
Com a corrente foi-se a única atenuante
Sinto-me preso na tua cela
Onde o amor é deixado a apodrecer
Sem ti, não há magia, razão de viver

Na sombra observo
Cada gesto, cada feição
A mais bela visão
Humilde Perdição




Filipe Fernandes

Luz

E ai estava ela, nada mais, a luz. Cintilante envolvia-me. O verdadeiro sentido da vida. Veio a tempo? Sim, ainda sentia o meu coração a bater desenfreadamente, causa da adrenalina que abundava no meu corpo. E ela ao iluminar a gruta iluminava os recantos da minha alma. Daquele ponto em diante passei a acreditar em milagres.
Agora a luz iluminava a escura e poeirenta gruta, chamei-lhe esperança. Agora o silêncio gritava e o seu eco vibrava na minha cabeça, chamei-lhe a voz da vida.
É engraçado como só nos apercebemos do valor da vida quando a perdemos, ou quase perdemos. Quando atingimos o fundo e olhamos para cima. Apercebemo-nos que a vida é, realmente, bela.
Nos últimos meses tinha-me sentido sozinho. Tu não sabias que eu existia e, no fundo, a curiosidade pela morte aumentava em mim á medida que o teu sorriso se entranhava no meu coração e o meu sorriso não se entranhava no teu. O sentimento de impotência apoderara-se de mim. E contemplei a morte como o único escape ao sofrimento…estava errado.
E só me apercebi disso á medida que ia caindo no abismo.
Dizem que uma queda demora fracções de segundo. É mentira, a minha durou uma vida.
A ilusão da morte cegava-me e eu seguia maquinalmente – a vassalagem da vida -.
Mas, por fim, depois de cair no fundo é certo, encontrei a luz. Não era a mais perfeita e bela luz, contudo os seus raios brilhantes e translúcidos transmitiam a epifania que tivera depois da queda.
As coisas boas – que parecem não existir – estavam lá. Relembrei a minha curta vida de 19 anos. Todas as pequenas coisas - o primeiro abraço sentido, a primeira bebedeira, a descoberta da beleza do corpo feminino -, a beleza da vida.
Quando o choque da queda passou levantei-me e segui em direcção á luz e, á medida que caminhava, apercebi-me que não havia tempo de desistir, só tempo de lutar e cair. E, o que é uma queda senão um erro que nos traz sabedoria?

                                                                                                                                            Filipe Fernandes   

domingo, 30 de janeiro de 2011

Choro

Hoje chorei,
Chorei por ti
Chorei por mim
Chorei por nós
Chorei…
Por não estarmos juntos
Neste mundo atroz

Cada lágrima que caia,
Negra…simplesmente reflectia
Ódio de mim
Ódio de ti,
Por me fazeres sentir assim

Longas assas tapam-me a luz,
Encarcerado num mundo
Onde tu não existes,
Nada me seduz

Já não sei onde eu acabo
E tu começas
Perdido num puzzle
Esse anjo
Não me deixa montar as peças

Caio no abismo da loucura
Nesse mundo onde o meu ser não figura
Se choro, deixa-me chorar
Choro, até a tempestade passar


Filipe Fernandes

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sentimento

Entrelaço-me na monotonia do momento
Nem com o mais alto valor é algo mais que,
Insignificante…

Mas tu ardes em mim
E eu partilho a solidão ,
Diz-me que sim
Faz-me palpitar de excitação

Abraço-me no calor da chama
Que arde nos teus olhos
A beleza que emana
Quebra barreiras e escolhos

Chama de emoção
Chama de paixão
Num calor envolvente
Que te faz dona do meu coração

Nem mil noites sombrias
Apagarão trepidamente
A história das nossas vidas
A palavra, sentimento…



Filipe Fernandes

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tu

Tu,
Não és tu,
Que ainda ontem me olhavas,
Enfeitiçavas, com esses olhos
Profundos e belos…
Encantavas
Com a mistura dos sentimentos mais singelos

Sou sim eu,
Que me libertei das amarras desse amor
Aconchegado por sentimentos de rancor
Sou sim eu,
Que á penumbra
Prefiro a doce e ignorante escuridão
Pois ela não me alimenta
 este amor de perdição

Não és tu,
Tu, cujo olhar tem tamanha beleza
Que me ilumina no caminho da incerteza
Tu,
Que teus lábios
 cantam o mais belo pranto,
Qualquer outra tentação?
Insignificante…

Mas sim eu…
que não te quero mais!
Oh! Doce e ignorante escuridão,
Leva-me,
Para onde o silêncio é razão
Afasta-me, deste amor de perdição!
Sou sim eu
Que isto não sinto,
Sou sim eu,
Que minto…


Filipe Fernandes

Complexa Simplicidade

O teu rosto brilha nas estrelas
As tuas feições suaves, impossível esquece-las
Acorrentadas á minha memória
Minha alma iluminam com tamanho brilho e glória

Morro na praia dos teus olhos
Mas um beijo, um doce beijo
Pode trazer vida aos ignóbeis escolhos
Contudo, aqui permaneço e não te vejo
Porque o beijo, nunca o senti
Por certo nunca chegou
Sofro ainda mais,
pois os teus lábios, não fui eu quem os beijou

Anseio pela aurora do nosso amor
Pois és tu que eu respiro
És tu que eu vivo
Tu que sem ti, só sobrevivo

Mas nem o mais alto pranto
quebra as correntes da invisibilidade
um amor platónico na sua complexa simplicidade,
por enquanto…


                                                                                                                                                                                   Filipe Fernandes

Prisioneiro do belo


"O dourado dos teus cabelos
Toca a minha alma
Afoga o meu ser
numa exaltação calma
Impossível de desfazer

Perco-me nos campos do teu olhar
Esse,
Que me leva mais além,
Me faz fechar os olhos e sonhar
Numa exaltação que precedentes não tem

Mas mesmo o mais brilhantes dia
Dá lugar á noite sombria
E eu espero com tremenda ânsia
O dia em que tudo isto seja irrelevância

Por agora,
Sou prisioneiro do belo
Tu forras a minha prisão
Nos confins do que é mais singelo

OH!!
Será que a bonança
Algum dia chegará?

Deste,
Que sempre te amará" 

Filipe Fernandes


Introdução

Boas pessoal, antes de mais queria-vos agradecer por estarem aqui :D
Neste blog vou postar não só, mas principalmente, o que escrevo. E Também umas boas malhas :D
Espero que gostem , e se não gostarem fuck off ;)