segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Ritual de Mudança

Sinto o toque gélido 
 Do teu olhar quente
 O arrepio na espinha,
 A atracção incessante,
Que rasga o semblante de dor… 
Mas, e se assim não for?

Se não forem folhas de prosas,
 Linhas de rimas,
 O nosso amor? 
Se ele não for nada mais que a rosa que não floresce
 No cimento do cais,
 De onde partimos á descoberta 
Da ilha paixão, 
Soterrada em parte incerta? 
Se ele não for nada mais, 
Que pálidos ideais 
Que sucumbem sob o peso de megalómanos conceitos 
E de haver no amor preconceitos? 

 Pois, te digo… 
Que nada mais é que isso
 Neste epitáfio de Outubro cinzento
 Onde cai chuva e vento 

 Filipe Fernandes

domingo, 25 de março de 2012

Viva Chama

O relógio toca,
O tempo passa…
Não há sorrisos reconfortantes,
Nem o olhar de quem não precisa de palavras para dizer que me ama
Não há toques carinhosos,
Nem uma viva chama,

Há um eu.
Escuro e sombrio
Que num tremendo vazio
Finge que sorriu.

Perdido na busca,
A luz que me rodeia
Cega-me,
Na minha escuridão
Na penumbra dos sentimentos
Procuro, mas não encontro, a razão

Essa procura pelo amor infinito
Leva-me a não querer ser…
Mas sou,
Só eu, mais nada.


Filipe Fernandes

Devaneio

A noite cai.
O seu semblante melancólico ilumina
O que tenho em mim, a dolorosa sina
De ser e não o poder ser, de querer e não poder,
Ser.

Quem eu quero ser, eu não sou
Já outro imaginou, roubou
Mas não roubei eu também?
Perdido da vida, não quererá ser ninguém?

Será este o meu epitáfio?
Não passarei eu de mais um larápio?
Neste conjunto de felicidade, ódio e dor
Selado com o doce amargo paladar do amor

O universo abate-se sobre mim
Uma alma esmagada pela dor do fim
Não de chegar…mas de caminhar
Essa caminhada idolatrada
Elevada, à mais alta parada
Um completo nada.

Filipe Fernandes

Companheira Solidão

A bruma da noite envolve-me no seu olhar gélido,
Olho á minha volta, mas não encontro o teu rosto pálido
Desespero por sentir o teu toque cálido,
Contudo, encontro-me só nesta frígida floresta
Sufoco, neste cinzento dia de inverno…

E, perante ti,
O triste final dum sentimento efémero
Encerro-me agora neste gelado inferno,
Passo da penumbra, para a negra escuridão
E encontro-me perante ti, companheira solidão…




Filipe Fernandes