segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Jaula

Acordo com o palpitar da cidade
Frenético e constante,
Perco-me, em verdade
No seu olhar ofegante
Que me traz prazer e dor
As suas ruas são a minha maneira de ser

Numa jaula de prédios enclausurado
Sem qualquer réstia de liberdade
Viver torna-se o derradeiro pecado
Num estilo sem-vontade, passa o dia-a-dia
Mas não há dia que não pense como seria
Levantar e abandonar,
Trocar o cinzento da cidade
Pelo verde da liberdade,
Afogo-me na sua linguagem fria
Rasgada por um raro olhar de simpatia
Que cai por terra em mais um ataque de demagogia

É esta a minha sina, a minha verdade
Sou só mais um, consumido pela cidade

                                                     Filipe Fernandes

(Originalmente publicado em Ruptura: http://ruptura9.webnode.pt/ )

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