segunda-feira, 3 de novembro de 2014

L.I.N.A.

Passei hoje entre o amor e o ódio
Na mudança de um novo dia
Procuro nos espólios
O que sempre pensei que seria

Mas não foi e não será
Uma nova porta não se abrirá
Mas a velha janela por onde entrei
Tenta-me, como só eu sei

Abraçar o passado e não o largar
Gritar amor até não respirar
Viver na ilusão da companhia
Do singelo sorriso do dia-a-dia

Sempre defendi o progresso
Mas tenho medo do que está á frente,
Ou talvez só de não ir com gente
Como bom ateu, a deus peço
O contentamento de quem mente

Eu não minto a ninguém a não ser a mim próprio
Abraço a imaginação como o meu ópio
A minha ilusão amada
De uma vida partilhada
Um laço entre eu e nada

Enquanto anjos vão ao inferno e regressam aos céus
Leio nas outras pessoas a minha solidão
Intrigante e escondida em véus
Naquela que é a imagem da minha paixão
Assim, irreal, me diz adeus

                                                                       Filipe Fernandes

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